sexta-feira, 17 de abril de 2015

Gelatinoso Ocidente

     Dizia Manoel Oliveira, com a sua centenária sabedoria, que a Fé é a chave para uma vida preenchida. Trata-se de uma Fé que não é necessariamente mística, mas que traduz uma certeza daquilo que se faz. E Manoel, que pilotou carros e realizou incansavelmente até à sua partida, aos 107 anos, saberá que o envolvimento em tamanhas actividades só foi possível quando nelas encontrou significado.
    A Fé nem sempre é bem vista. O significado de tudo aquilo que nos rodeia pode até mesmo ser dissolvido e lixiviado, entre a rotina que nos é transmitida pelo grande entretenimento e a vida doméstica, que é tão bem dissecada nas redes sociais. Assim, numerosas experiências do dia-a-dia podem retirar o significado das nossas acções: a desorientação nos subúrbios dispersos, os carros velozes onde cada um, solitário, deixa de sentir a estrada, tal é o apetrechamento da suspensão hedonista. O individualismo acaba por se tornar na maior das histerias colectivas, pois que nem o sexo, a alimentação ou os festivais de Verão escapam à obsessão do super-ego. Diz o Estudo que o Sexo faz bem à saúde. E que a dieta vegetariana poupa as varizes. E que saltar no meio da multidão faz perder calorias.
     Aumentam os suicídios. São pessoas que, mesmo que estejam ligadas em rede ao resto da Humanidade, carregam a angústia da solidão. Entretanto, aparecem mais e mais estudos, que mostram a forma como a comunidade científica observa, impotente, o impacto do estilo de vida ocidental: derretem os pólos; secam os rios e inundam-se os mares. São doenças das sociedades ditas desenvolvidas. Por isso, é melhor nem fazer o que os avós faziam: imaginar o mundo daqui a 50 anos, em 2065. Para quê? Mais vale saltar ao som da música. Depois... Depois salve-se quem puder!
     No âmago deste individualismo colectivista, o que resta da Fé? Como escreveria Aldoux Huxley, ou se crê num Deus, ou se converte ao Comunismo. Mas a Fé também pode estar nas atitudes mais simples. Contudo, a Fé mais intensa, aquela que leva alguém a mover-se por uma ideia até às últimas consequências, parece ser vista como algo de ingénuo, senão extremista.
     Do Oriente surgem as mais insólitas notícias. Que o Estado Islâmico tem sido comprometido por  curdos valentosos. E que, pasme-se, morrem cristãos. Pessoas há que, no Oriente, professam uma religião que forjou a cultura ocidental, mesmo que isso lhes possa custar a vida.
     Com medo de sair da moderação, o Ocidente vê comprometidas as conquistas que, séculos volvidos, trouxeram uma qualidade de vida sem precedentes. Durante quanto tempo iremos defender os nossos valores?
    

sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Um Novo Estado por 10 anos

Não é todos os dias que um líder da oposição convida um homem do partido do governo para ocupar o governo. António Costa puxa Rui Rio, os dois sorriem, vão a conferências juntos e repetem um discurso que, no mínimo, comprova as sólidas afinidadades ideológicas que comungam. De tal modo que, um pouco por toda a imprensa, sucedem-se elogios bajulados, promessas de um governo robusto, capaz de fazer frente à volatilidade dos mercados, ao clientelismo partidário, à Merkel, aos banqueiros irresponsáveis e enxutar de vez a malfadada Troika.

Em suma, o governo que se desenha é um governo de Salvação Nacional, o Único e o Escolhido, a condição necessária para defender o superior e sempre imaculado Interesse da Nação.

É certo que um governo de Bloco Central não é nenhuma novidade. Em tempos houve um que durou menos que o previsto, porque a instabilidade política tornou-se insustentável. Mas os tempos agora são outros. Politicamente, a diferença entre os dois maiores partidos esfumou-se. A provar esta gradual aproximação estão as inúmeras iniciativas parlamentares aprovadas por abstenção mútua e as figuras que trocaram o apoio de um partido pelo outro. Convém ainda lembrar que a agenda da Troika não surgiu sem que o país se afundasse em dívida. É, aliás, na estranha alternância entre o despesismo e a austeridade que está o trunfo das privatizações e o dinheiro fácil dos contribuintes.

Se a crise monopoliza o discurso político há, pelo menos, uma década, está já lançado o mote para o novo governo. Chamam-lhe Pacto de Regime e, a avaliar por várias manchetes, durará dez anos. Esta década mágica surge, entre entrevistas a figuras de vários partidos e questionários feitos a empresários, como sendo uma imperiosa necessidade. No entanto, a magia do número redondo não deixa de ser intrigante. Dez anos corresponde a dois Governos Constitucionais e meio. Não será mais fácil, em democracia, promover um acordo de regime durante oito ou mesmo doze anos?

Nos tempos conturbados que profetizam, não parece ser difícil instaurar o tal Pacto de Regime. A opinião pública está adormecida entre um liberalismo aparentemente consensual e um socialismo e uma social-democracia estilhaçada, senão pulverizada. No parlamento, a renovada maioria ganha vontade própria, até porque a crise tudo legitima. E no fim da década da estabilidade governativa, pode mesmo chegar-se à conclusão de que os dez anos de Pacto de Regime foram insuficientes.

Tampouco será difícil imaginar um consenso cada vez mais alargado. A presença de António Costa no congresso do Partido Livre e a ida de Rui Tavares à Universidade de Verão do PSD pode indiciar isso mesmo. Por mais livres que sejam as urnas, as escolhas parecem cada vez mais semelhantes.

Em retrospectiva, um governo inovador que faz história


O actual governo já deu provas de que está na vanguarda das práticas de boa governança. As medidas tomadas em Portugal são tão visionárias que merecem elogios de várias instituições internacionais.

Para começar, foi finalmente instituído por todos os ministros do executivo o hábito de usar um pin com a bandeira de Portugal na lapela. Estes PIN são o garante dos interesses nacionais quando, apesar do lixo tóxico gerado por minas licenciadas, o valor das exportações aumenta significativamente, num excipiente que parece ser inevitável na difícil fase que o país atravessa.

Como aumento das exportações, destacam-se o triunfo do empreendorismo ideológico e o dinamismo da refinaria de Sines. É também relevante o desempenho mão-de-obra qualificada que, pela primeira vez, conta com o apoio anímico do governo para ser bem-sucedida no estrangeiro. Passos Coelho já disse várias vezes publicamente, alto e bom som, que quem não tem emprego, designadamente professores, pode olhar para outros países. É a tão esperada internacionalização da economia que está para vir!

Portugal tem, finalmente, a ínclita geração, aquela que provavelmente tem os maiores índices de educação que o país alguma vez teve. E o ministro da educação, com a bandeira portuguesa na lapela, está empenhado em qualificá-la ainda mais. Para o conseguir, mantém em funcionamento as melhores escolas do Litoral, que contam com condições melhoradas. Essas escolas, muitas vezes privadas, podem até contar com o inovador cheque de ensino, que dá aos Encarregados de Educação a liberdade de escolha.

As escolas públicas contam com uma gestão mais criativa e inovadora, definida pelas peculiaridades dos municípios, e com métodos eficientes da múltipla colocação de professores, pelo que vão ser preferidas pelos pais. É que Portugal não é a Grécia, diz-se, e também não são os Estados Unidos da América, país onde são raras as escolas públicas que sobreviveram ao cheque de ensino.

Colocar Portugal na vanguarda, é o maior desígnio nacional. O secretário de estado que tutela laboratórios do Estado diz que a investigação científica não pode ser paga com o dinheiro dos contribuintes, podendo apenas ser feita por universidades e por privados. O Estado só regula e fiscaliza. O Estado tem de sair da frente dos negócios. O Estado só deve intervir na economia quando os banqueiros fazem asneira colossal. E quando há bancos para resgatar. O Estado é mau gestor de empresas públicas que dão lucro, porque essas empresas podiam dar mais lucro. O Estado tem de pagar o que deve e, para isso, deve combater a fuga ao fisco e sortear automóveis.

A nova ideologia está aí, e encontrou em Portugal um fecundo tubo de ensaio, até porque há que ir além da Troika. Ou, nas palavras de Camões, mais do que prometia a força humana. E nada se conseguiu sem a determinação para cortar nas gorduras. Esta admirável coragem política é partilhada por outros partidos que subscrevem, ou que não contestam as reformas. Finalmente o país está mais meritocrático, e os melhores das empresas têm condições para vingar, com um peso mais reduzido dos impostos e dos salários.

Mesmo com a redução do ministério da Cultura, o país está mais criativo e inovador. E a cultura lusitana saiu revigorada. O Fado é Património Imaterial da Humanidade e o Benfica jogou mais que uma vez em finais europeias. Celebremos.

Santa Casa da Misericórdia de Lisboa e a limpeza de azulejos


O convento de São Pedro de Alcântara, junto do famoso miradouro com o mesmo nome, é dos poucos conventos de Lisboa que mantém o interior quase intacto. Contudo, a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) anunciou, publicamente, um projeto que pode desfigurar o interior e destruír irremediavelmente uma coleção única de azulejos.

Fundado em 1672, no antigo palácio dos Condes de Avintes, o convento mantém elementos maneiristas, apesar dos efeitos do terramoto de 1755. Depois da extinção das ordens religiosas, em 1834, muitos conventos da capital sofreram abandono e vandalismo. Outros foram descaracterizados enquanto albergaram hospitais (como na Colina de Santana), quartéis ou fábricas.

Este convento, porém, foi preservado pela Santa Casa da Misericórdia, que nele instalou um orfanato. Segundo o vídeo do projeto que a instituição pública divulgou online, o convento será alvo de uma intervenção profunda, que envolve a remoção gratuita de azulejos, a substituição de mobília antiga, a pintura avulsa de elementos em madeira e todo o espaço conventual parecerá lixiviado e desenquadrado. Perante tal escândalo, elementos como os azulejos podem desaparecer sem deixar rasto, depois de terem rendido mihões que lesam os contribuintes.

O mote do projeto é adaptar o espaço a “novos usos”, de forma a rentabilizar o convento e revitalizar o Bairro Alto com novos espaços, tais como restaurantes, lojas e até uma biblioteca. Poderia então o edifício histórico albergar todas estas atividades sem recurso a obras ostensivas e profanadoras?

Dado valor patrimonial do convento, talvez Pedro Santana Lopes, Provedor da SCML e mentor do projeto, considere recuar na extensão das obras e definir o destino a dar aos valiosos azulejos que ainda cobrem paredes do convento. De outra forma, a perda será irreparável e irá manchar a imagem da instituição.







Quinta setecentista arruinada por obras do município da Amadora















Foi viral o escândalo do restauro da pintura de cristo, feito pela amadora Cecília Jimenez, no país vizinho. Mas por cá, há outros atentados contra o património, alguns dos quais são perpetrados à vista de todos e com financiamento europeu.

Não muito longe do limite do concelho de Lisboa, fica a Quinta dos Condes da Lousã. Trata-se de um edifício que, apesar da escala relativamente reduzida, continha uma das mais relevantes colecções de azulejo em Portugal. Pelo menos assim o dizem várias páginas da internet, incluíndo a da própria Câmara Municipal da Amadora.

Porém, quem chega ao sítio do alegado palácio, difilmente reconhece as pedras nuas. As paredes já não sustêm os telhados nem os tectos pintados; os jardins foram transformados numa estranha praceta com um parque infantil, e dos azulejos, não restam nem vestígios. O que aconteceu?

Aparentemente, a Câmara Municipal da Amadora conseguiu financiamento europeu para recuperar o imóvel, do qual é proprietária. O concurso para as obras foi lançado em 2007, mas em 2009, o empreiteiro interrompeu os trabalhos. Desde então, todos os azulejos foram removidos, assim como os restantes elementos construtivos. Apenas ficaram as paredes de alvenaria, que agora, sem a protecção do telhado, degradam-se sob as intempéries.

Apesar do impasse, os jardins do palácio, requalificados segundo os preceitos da câmara, foram concluídos em 2010. Esta obra beneficiou a população local, uma vez que inclui um parque infantil, pérgolas de madeira e novos bancos de jardim. Trata-se de uma intervenção que modernizou o espaço, visto que pouco ou nada resta do anterior jardim do palácio. Até a fonte barroca foi actualizada.

Nos anos de abandono, o palacete, já desprovido de azulejos, foi classificado Imóvel de Interesse Público. E a Direcção-Geral do Património pediu esclarecimentos à Câmara Municipal da Amadora, num ofício. Consta que as obras não prosseguiram por incapacidade do empreiteiro, e os azulejos estão armazenados em estaleiros do município. Mas que garantias foram dadas quando ao seu destino? E o que aconteceu à verba de recuperação do palácio?

Certamente que a Câmara Municipal da Amadora pretende preservar um dos raros edifícios históricos do concelho, e salvaguardar um dos pontos altos do património azulejar nacional.



Qual é a próxima estação?

A CP contratou recentemente a empresa de João Tocha para serviços de consultoria de comunicação, por um ano, no valor de 40 mil euros. Esta contratação pode ser a lufada de ar fresco, a garantia de que afinal a situação financeira da empresa pública é melhor do que se supunha. Imagine-se a quantidade de bilhetes de comboio suburbano que paga este serviço. Ou a poupança gerada no recente aluguer de carruagens a Espanha. A CP, aparentemente renovada, mesmo assim mantém os seus gabinetes técnicos e pede pareceres externos para melhorar a sua imagem corporativa.

Noutros gabinetes, fazem-se planos para a gestão da rede ferroviária. E não é só a venda da Empresa de Manutenção de Equipamento Ferroviário (EMEF) que está em jogo. Perante a recusa europeia em financiar mais auto-estradas, o governo apressou-se a fundir a gestão da rede ferroviária com a rede rodoviária, sob o enigmático selo da Infraestruturas de Portugal. Nesta cúmplice simultaneidade dos factos, será crível o desvio de fundos europeus destinados ao transporte ferroviário para a construção da quarta auto-estrada de Lisboa ao Porto?

Segundo o PETI, o Plano Estratégico dos Transportes e Infraestruturas, a implementar até 2020, prioriza-se o transporte ferroviário de mercadorias ao de passageiros. Longe vão os anos do governo de José Sócrates, dos projectos de Alta Velocidade que levariam madrilenos ao sol da Caparica num ápice. Agora, com o barrote da austeridade, esqueceu-se a pressa de que o país perca o comboio, e a modernização da rede ferroviária limita-se a um conjunto de intervenções pontuais.

Parece estranho passar de oitenta a oito quando, na verdade, pode haver projectos mais ajustados. Há comboios quinquagenários por substituir, a bem do conforto e da eficiência. Há linhas que podem melhorar o desempenho com mudanças de traçados, como a Linha do Oeste, fundamental para o desenvolvimento da Estremadura e da Beira Litoral. Há ligações ferroviárias com a Galiza por fazer, que podem aumentar o turismo e dinamizar o aeroporto Francisco Sá Carneiro com novos passageiros. Há uma linha do Sul por modernizar, cuja passagem por Beja pode rentabilizar um aeroporto sub-aproveitado. Por fim, há ligações Intercidades ao país vizinho que são quintessenciais para a coesão do território. Aproveitando algumas das linhas já existentes, porque não ligar Vila Real ou Bragança a Burgos; a linha do Douro a Zamora; Guarda a Salamanca; Lisboa a Badajoz e Faro a Sevilha?

É certo que o benefício económico de alguns dos projectos mencionados é discutível, quando o Estado recebe menos Imposto Automóvel e Imposto sobre Produtos Petrolíferos; quando a construção de obras menos ambiciosas é menos lucrativa para quem as constrói. Mas o desinvestimento na rede ferroviária, perpetrado neste país ao longo das últimas décadas, tem um custo esmagador. Tem o custo da dependência energética (de petróleo) do exterior, do maior preço das deslocações, da sinistralidade rodoviária, da poluição galopante, do desordenamento do território, da desigualdade social decorrente do domínio do transporte individual. Fechar linhas dificilmente resolve a desertificação das mais regiões remotas.

Se for gerido com eficiência e responsabilidade, o combóio continua a apresentar inúmeras vantagens competitivas, assumindo um papel de charneira no desenvolvimento das regiões. No Norte da Europa, que as elites partidárias lusas culpam pelo fracasso económico do Sul, não se desinvestiu no transporte ferroviário, com obras raramente faraónicas. Os resultados estão à vista.

Os novos Lusíadas do Empreendorismo

Quando a economia gripa, profetizam-se os mais incríveis planos de salvação. Entre investimentos públicos em PPP ou a liberalização do mercado do trabalho, os maiores grupos económicos encontram, salvo honrosas excepções, o seu caminho na senda do crescimento. E quando este mercado pequeno à beira-mar plantado fica aquém da ambição descobridora, o capital avança para novas paragens d’aquém e d’além mar.

A retoma da economia que os governos preconizam não se limita só aos grandes campeões nacionais. Há estímulos para Pequenas e Médias Empresas, há financiamento mais ou menos abundante, há programas de modernização e, claro, há apoios ao empreendorismo. Mas o que é o empreendorismo?

Se tivermos em conta a definição do dicionário, o verbo empreender vem do latim imprendere, que corresponde à iniciativa para realizar algo. A palavra é, todavia, utilizada com conotações ideológicas e ajusta-se aos desígnios de cada época. Conquistar e arrasar uma cidade é um acto colectivo tão empreendedor como a construção de um hospital para cuidar dos estropiados. Assim, o empreendorismo não deve corresponder a um chavão, uma vez que o benefício para a sociedade pode ser duvidoso.

Na sua mais recente apropriação, o empreendorismo é a promessa de realização individual na criação de novos projectos empresariais. E a utilização da palavra toma tais dimensões que a economia parece estar realmente a recuperar. Nesse gigantesco laboratório de retórica fina, o verbo capacitar tem uma presença constante enquanto não passa de moda. E as ideias ganham a forma de coisas diferentes, mais ou menos úteis, mas que geram know-how e valor acrescentado. À nova figura do Secretário de Estado do Empreendorismo somam-se os cursos de Empreendorismo, as conferências de Empreendorismo, as Encubadoras de Empresas, as Start-ups, onde se criam verdadeiros empreendedores capazes de empreender, de vestir e falar estrangeirismos como qualquer indivíduo bem sucedido e, claro está, empreender inovando, olhando para aquele nicho.

Depois da farsa, vem a tragédia. Os novos empreendedores engomados confrontam-se com a crueldade dos mercados, onde dominam as feras. Tentam lançar o último Grito do Ipiranga empreendedor mas são colhidos de surpresa. Com ideias de nicho de mercado, é expectável que não consigam destronar as feras, porque o mercado só pode ser livre nos livros de teoria económica da Escola de Chicago. Porque as grandes superfícies comerciais são sempre as mesmas e as pessoas para (sobre)viver precisam mais de comida e roupa do que das apps revolucionárias.

Ideias novas, precisam-se, dizem os especialistas, ideólogos e imagológos. É preciso impelir os empreendedores, tal como os navegantes dos Descobrimentos, para descobrir terras novas. Mas agora, as ideias que forem bem sucedidas são apopriadas pelas grandes empresas. Já as ideias de nicho, embora possam pontualmente encontrar um grande sucesso, dependem da resiliência do nicho de mercado em questão.

Em suma, resta aos pequenos empreendedores inovar constantemente e ter pavor à tradição e a qualquer forma de imobilismo. Entretanto, os negócios com procura garantida tendem a estar destinados aos seus Senhores. Assim é a livre concorrência e a igualdade de oportunidades.